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São Paulo continua com mais de 500 mil imóveis sem energia elétrica

Estrutura de posto de combustível cai após ventania em Diadema  • Reprodução

A Região Metropolitana de São Paulo e a capital paulista enfrentam um cenário crítico com a persistente falta de energia elétrica, afetando centenas de milhares de residências e estabelecimentos comerciais. Dados recentes, divulgados na noite de sexta-feira (12), indicam que 567.605 clientes ainda estão sem o fornecimento essencial, representando uma parcela significativa da área de concessão da Enel. Somente na cidade de São Paulo, 389.119 imóveis permanecem no escuro, paralisando atividades cotidianas e econômicas. A interrupção prolongada é uma consequência direta da passagem de um ciclone extratropical, que nos últimos dias provocou ventos de alta intensidade, resultando na queda generalizada de árvores e graves danos à infraestrutura da rede elétrica em diversas regiões.

O impacto devastador do ciclone extratropical

A passagem de um ciclone extratropical sobre o estado de São Paulo desencadeou uma série de eventos catastróficos que culminaram na interrupção massiva do fornecimento de energia elétrica. Os ventos fortes, atípicos para a região, atingiram velocidades que superaram a capacidade de resistência da infraestrutura urbana e da rede de distribuição. O fenômeno climático causou a queda de centenas de árvores sobre fiações e postes, além de danificar transformadores e outros componentes cruciais do sistema elétrico, deixando milhões de pessoas em vulnerabilidade e causando expressivos prejuízos.

Na capital paulista, a Lapa foi uma das áreas mais castigadas, registrando vendavais de intensidade recorde, o que explica a concentração de estragos e a complexidade do restabelecimento na região. A severidade dos danos exige um esforço logístico e técnico sem precedentes, com equipes atuando na reconstrução de segmentos inteiros da rede. A remoção de árvores de grande porte, a substituição de postes danificados e a reinstalação de transformadores e cabos elétricos são operações que demandam tempo, equipamentos especializados e coordenação entre diferentes órgãos, incluindo a concessionária de energia, prefeituras e serviços de emergência. A situação se agrava com a extensão dos danos, que muitas vezes envolvem a necessidade de reconduzir quilômetros de fiação em áreas densamente urbanizadas.

Desafios na restauração da rede elétrica

A concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica na região, Enel, tem enfrentado desafios consideráveis para restabelecer o serviço. Em nota, a companhia explicou que, em certas localidades, o processo de restauração é significativamente mais complexo. Esta complexidade decorre da natureza dos danos, que não se limitam a reparos simples. Em muitos casos, é necessária a reconstrução completa de trechos da rede, o que implica na substituição de postes inteiros, de transformadores de alta capacidade e, em cenários mais graves, na recondução de extensos cabos elétricos, muitas vezes em áreas de difícil acesso ou com grande concentração de construções.

A logística para mobilizar equipes suficientes e equipamentos adequados para lidar com a escala dos estragos em diversas frentes simultaneamente tem sido um dos principais entraves. Além disso, a segurança das equipes em campo, especialmente em áreas com fios soltos e estruturas comprometidas, é uma prioridade, o que pode, em alguns momentos, ralentizar o ritmo dos trabalhos. A dimensão dos imóveis afetados, que persiste pelo terceiro dia consecutivo sem energia, sublinha a magnitude do problema e a dificuldade em prover uma solução ágil para todos os clientes impactados pela interrupção, que se estende por um período inaceitável para uma metrópole como São Paulo.

Ações judiciais e cobranças por celeridade

A prolongada interrupção no fornecimento de energia elétrica em São Paulo, que já durava dias, levou o Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a Defensoria Pública a ingressarem com uma ação conjunta. A Justiça acatou o pedido e, na noite de sexta-feira (12), emitiu uma determinação para que a Enel restabelecesse imediatamente a energia elétrica. A decisão judicial estabeleceu prazos específicos: quatro horas para estabelecimentos prioritários, como hospitais e unidades de saúde, e doze horas para os demais consumidores, reconhecendo a urgência da situação e a essencialidade do serviço.

A fundamentação da decisão judicial destacou a ausência de uma previsão clara e precisa de restabelecimento por parte da empresa, mesmo diante da mobilização de equipes. Este fato, segundo a Justiça, ampliou a vulnerabilidade de grupos sociais mais sensíveis, incluindo idosos, crianças, pessoas com deficiência e indivíduos eletrodependentes, cuja vida ou bem-estar dependem diretamente do fornecimento contínuo de eletricidade. Além disso, a paralisação de unidades de saúde e a interrupção de atividades econômicas foram pontos cruciais que embasaram a urgência da medida judicial, ressaltando o impacto generalizado na sociedade.

Multas por descumprimento e apelo político

A seriedade da situação foi reforçada pela imposição de uma multa por parte da Justiça. Na petição, o promotor Denilson de Souza Freitas requereu e obteve a fixação de uma multa diária no valor de R$ 200 mil por hora de descumprimento da obrigação de restabelecimento da energia elétrica, caso a empresa não seguisse os prazos estabelecidos. Essa medida visa garantir a efetividade da decisão judicial e pressionar a concessionária a acelerar os trabalhos, demonstrando a gravidade das consequências de um serviço público essencial interrompido. A multa é um instrumento legal para assegurar que a concessionária cumpra sua responsabilidade perante a população afetada.

Paralelamente à ação judicial, houve também um apelo político por auxílio. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, solicitou o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para lidar com a crise energética. O pedido sublinha a gravidade da situação, sugerindo a necessidade de uma coordenação em níveis mais elevados para mobilizar recursos e garantir uma resposta eficaz à emergência, que tem afetado de forma tão abrangente a população e a economia da maior cidade do país. A intervenção política em nível federal pode ser vista como um reconhecimento da dimensão da crise e da necessidade de esforços conjuntos para sua superação.

Consequências e direitos do consumidor

A prolongada interrupção do fornecimento de energia elétrica em São Paulo não apenas causa transtornos diários, mas também gera prejuízos econômicos significativos para moradores e empresas. A perda de alimentos refrigerados, a impossibilidade de realizar atividades domésticas básicas, a interrupção do trabalho remoto e o fechamento de estabelecimentos comerciais representam perdas financeiras consideráveis. Diante desse cenário, os consumidores afetados possuem direitos garantidos por lei, incluindo a possibilidade de solicitar ressarcimento por danos. A Enel é obrigada a compensar os consumidores por equipamentos danificados devido a picos de energia ou pela perda de produtos perecíveis comprovadamente afetados pela falta de luz. É crucial que os clientes documentem os prejuízos e sigam os canais oficiais da concessionária para formalizar seus pedidos de compensação, garantindo que seus direitos sejam atendidos conforme a regulamentação vigente da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Perguntas frequentes (FAQ)

1. Quantos imóveis ainda estão sem energia em São Paulo e região metropolitana?
Até a última atualização, 567.605 clientes na Região Metropolitana de São Paulo e na capital paulista estavam sem fornecimento de energia elétrica. Somente na cidade de São Paulo, o número é de 389.119 imóveis afetados, representando uma parte considerável da base de consumidores.

2. Qual foi a causa da interrupção prolongada no fornecimento de energia?
A falta de energia foi causada pela passagem de um ciclone extratropical, que gerou ventos fortes e intensos, resultando na queda de inúmeras árvores e em danos extensos à rede elétrica, incluindo postes e transformadores em diversas localidades.

3. Quais foram as ações judiciais tomadas em relação à falta de energia?
O Ministério Público e a Defensoria Pública de São Paulo acionaram a Justiça, que determinou que a Enel restabeleça a energia imediatamente, com prazos de 4 horas para estabelecimentos prioritários e 12 horas para demais consumidores, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora de descumprimento.

4. Como posso solicitar ressarcimento por prejuízos causados pela falta de energia?
Os consumidores podem solicitar ressarcimento à Enel por danos a equipamentos ou perda de produtos perecíveis. É importante documentar os prejuízos (fotos, notas fiscais) e entrar em contato pelos canais oficiais da concessionária para registrar a ocorrência e iniciar o processo de solicitação de compensação.

Mantenha-se informado sobre a situação e seus direitos

Para mais informações sobre o restabelecimento da energia elétrica e como proceder em caso de novos incidentes, acompanhe os comunicados das autoridades e da concessionária. Conhecer seus direitos é fundamental para navegar por períodos de crise e garantir que você e sua família recebam o suporte e a compensação devidos. Em caso de emergência ou para registrar uma ocorrência, utilize os canais de atendimento da Enel.

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br

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