A inação global diante dos crescentes desafios climáticos e ambientais representa uma ameaça multifacetada que pode culminar em milhões de mortes prematuras e perdas financeiras colossais. É o que revela uma avaliação científica periódica da Organização das Nações Unidas, que analisa a trajetória ambiental do planeta e propõe um caminho urgente para a sustentabilidade. Este panorama enfatiza que a humanidade se encontra em um ponto de virada, onde a decisão de investir no clima e no meio ambiente não é apenas uma questão de sustentabilidade ecológica, mas uma estratégia crucial para a saúde pública e a estabilidade econômica mundial. Adotar soluções proativas e integrar a dimensão ambiental em todas as esferas de governança e sociedade pode não apenas prevenir mortes e combater a pobreza extrema, mas também gerar um impressionante retorno de US$ 20 trilhões anuais para a economia global até 2070.
A urgência de uma transformação ambiental global
O mundo se depara com a necessidade imperativa de mudanças profundas em sistemas fundamentais para reverter a atual trajetória ambiental. Especialistas que contribuíram para a avaliação da ONU sublinham que essa transformação não se restringe apenas a políticas ambientais, mas exige uma abordagem coletiva e inclusiva, envolvendo todos os setores da sociedade e do governo. A crise ambiental é um desafio que transcende as fronteiras ministeriais, demandando uma coordenação sem precedentes e inovações em diversas áreas.
O alto preço da inação
Os custos da inação ambiental são alarmantes e multifacetados, impactando diretamente a economia e a qualidade de vida. Estima-se que as mudanças climáticas por si só podem reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) anual em 4% até 2050, além de causar a perda de inúmeras vidas e o aumento da migração forçada. Nas últimas duas décadas, o somatório da elevação das temperaturas e dos eventos climáticos extremos já resultou em um custo de US$ 143 bilhões por ano.
Além disso, as perdas econômicas anuais relacionadas à saúde são substanciais. A poluição do ar, por exemplo, exigiu um gasto global de US$ 8,1 trilhões apenas em 2019. A exposição a substâncias químicas tóxicas presentes em plásticos acarreta custos estimados em US$ 1,5 trilhão anualmente. Diante desses custos sociais e econômicos crescentes, o caminho apontado pelos cientistas não é mais uma opção, mas uma necessidade inadiável. Os danos evitados e os retornos de longo prazo sobre os investimentos necessários superam em muito os custos iniciais.
Estratégias para um futuro sustentável e próspero
O relatório da ONU não apenas diagnostica os problemas, mas também apresenta um conjunto robusto de recomendações que podem guiar o planeta rumo a um futuro mais resiliente. A implementação dessas estratégias tem o potencial de evitar 9 milhões de mortes prematuras ligadas à poluição, retirar 200 milhões de pessoas da subnutrição e libertar 150 milhões da pobreza extrema. No entanto, para promover essas transformações essenciais, são necessários investimentos significativos e um comprometimento global.
Sistemas-chave para a mudança
A transformação proposta exige uma remodelação abrangente de vários sistemas interconectados. Isso inclui uma revolução nas finanças globais, na economia, na forma como produzimos e utilizamos materiais, nas fontes de energia, nos sistemas alimentares e, é claro, na gestão ambiental. Essa mudança deve ser integrada, rápida e inovadora, combinando alterações de comportamento individuais e coletivos, avanços tecnológicos e uma governança mais eficaz e intersetorial. Não se trata de uma tarefa exclusiva para ministros do meio ambiente, mas um esforço que deve envolver cada ministro, cada governo e toda a sociedade.
Investimento como solução, não custo
Para que o planeta alcance a meta de neutralizar as emissões de gases do efeito estufa até 2050 e para que as nações consigam restaurar e promover a conservação da biodiversidade, são necessários investimentos anuais de aproximadamente US$ 8 trilhões. Embora essa cifra possa parecer elevada, os especialistas ressaltam que o custo da inação é, na verdade, muito maior. Os benefícios macroeconômicos globais derivados desses investimentos começarão a aparecer por volta de 2050 e, como mencionado, crescerão para US$ 20 trilhões por ano até 2070, com um crescimento exponencial a partir de então. Isso demonstra que investir em sustentabilidade não é apenas uma despesa, mas um motor de crescimento econômico e bem-estar.
Além do PIB: novas métricas para o bem-estar
A avaliação global sugere também uma mudança fundamental no modelo de tomada de decisões atualmente adotado pelas nações, tanto em negociações multilaterais quanto nas métricas de progresso. É crucial ir além do Produto Interno Bruto (PIB) como a única medida de bem-estar econômico. Em vez disso, o relatório preconiza a utilização de indicadores mais inclusivos que acompanhem a saúde humana e o capital natural. Essa transição implica também a adoção de modelos econômicos circulares e uma rápida descarbonização das indústrias e da matriz energética global, refletindo uma visão mais holística do desenvolvimento e da prosperidade.
Implicações e caminho a seguir
O relatório, fruto do trabalho colaborativo de 287 cientistas de 82 países e com contribuições de mais de 800 revisores globais, representa um apelo urgente por soluções efetivas que tornem o planeta mais resiliente. Ele serve como uma poderosa motivação para que as nações sigam os progressos alcançados em conferências climáticas importantes, implementando suas promessas climáticas atuais e buscando formas de reforçá-las ainda mais. A mensagem é clara: o futuro da humanidade e do planeta depende da capacidade de agir com urgência, investir inteligentemente e transformar os sistemas que nos sustentam.
Perguntas frequentes
Qual é a principal conclusão do relatório da ONU?
A principal conclusão é que a inação diante dos desafios climáticos e ambientais resultará em milhões de mortes e enormes danos financeiros. No entanto, investir em soluções sustentáveis pode prevenir mortes, reduzir a pobreza e gerar bilhões de dólares para a economia global.
Quais são os custos da inação ambiental para a economia?
A inação pode levar à redução de 4% do PIB anual até 2050 devido às mudanças climáticas, além de custos anuais de US$ 143 bilhões por eventos extremos. A poluição do ar causou US$ 8,1 trilhões em perdas em 2019, e substâncias tóxicas em plásticos, US$ 1,5 trilhão anualmente.
Que tipo de transformações são necessárias para alcançar a sustentabilidade?
São necessárias transformações profundas e integradas nas finanças, economia, uso de materiais, energia, sistemas alimentares e ambientais. Isso exige uma combinação de mudanças comportamentais, avanços tecnológicos e uma abordagem governamental e social abrangente.
Quais são os benefícios de se investir na estabilidade climática e ambiental?
Os investimentos na estabilidade climática e ambiental podem evitar 9 milhões de mortes prematuras, tirar 200 milhões de pessoas da subnutrição e 150 milhões da pobreza extrema. Além disso, podem render US$ 20 trilhões anuais à economia mundial até 2070.
O futuro que queremos depende das decisões que tomamos hoje. Conheça as estratégias para um planeta mais resiliente e engaje-se na construção de um amanhã sustentável para todos.