Este artigo aborda mato grosso do sul: o coração pulsante da música sertaneja de forma detalhada e completa, explorando os principais aspectos relacionados ao tema.
Mato Grosso do Sul: O Legado e a Proeminência no Sertanejo Nacional
Mato Grosso do Sul consolidou-se como um celeiro inesgotável da música sertaneja, desempenhando um papel crucial tanto na preservação de suas raízes quanto na propulsão de suas vertentes mais modernas. Ao longo de seus 48 anos de história, o estado manteve o ritmo sertanejo como sua trilha sonora principal, gerando uma linhagem impressionante de artistas que vão do icônico Almir Sater e a lendária Delinha até fenômenos contemporâneos como Luan Santana e Ana Castela. Essa vasta representatividade não apenas reflete a riqueza cultural sul-mato-grossense, mas também a capacidade do estado de se posicionar como um polo inovador e influente no cenário nacional.
A proeminência de Mato Grosso do Sul no sertanejo é atestada por números e pela história. Campo Grande, sua capital, figura como a segunda cidade brasileira que mais consome música sertaneja, conforme dados da pesquisa Cultura nas Capitais. Este dado sublinha o engajamento profundo da população com o gênero e a vitalidade do mercado local. Mais do que um mero ponto de consumo, MS tem sido um laboratório musical, onde as transformações do sertanejo, do raiz ao universitário e agronejo, foram gestadas e adaptadas, sempre com uma forte identidade regional.
O legado sul-mato-grossense se manifesta na constante reinvenção do gênero. O pesquisador Evandro Higa destaca que rótulos como 'sertanejo raiz' e 'universitário' são construções dinâmicas; o que hoje é considerado 'raiz', um dia foi a vanguarda. Essa perspectiva é fundamental para compreender como Mato Grosso do Sul não apenas seguiu as tendências, mas as criou. O estado não apenas exporta talentos, mas também modelos de evolução musical, reafirmando sua posição como um dos corações pulsantes da música sertaneja no Brasil, com um impacto que ecoa por todo o país.
Sertanejo Raiz: A Tradição Reinventada
A definição de 'sertanejo raiz' é fluida e permeada por nostalgia, conforme aponta o pesquisador Evandro Higa, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O que hoje é visto como a essência do sertanejo, com suas letras campestres e arranjos tradicionais, foi em seu tempo uma modernização da 'música caipira' anterior. Exemplos como as gravações da dupla Cascatinha & Inhana nos anos 1950, com canções como 'Índia', eram consideradas inovadoras em sua época, demonstrando a dinâmica evolutiva do gênero.
Mato Grosso do Sul, com sua rica cultura fronteiriça e pantaneira, tem sido um guardião dessa vertente, permitindo que artistas como Delinha e, posteriormente, Almir Sater, com sua fusão de regionalismo e elementos da MPB, trouxessem novas roupagens para a tradição, garantindo sua perpetuação e relevância.
O Berço do Sertanejo Universitário
O estado de Mato Grosso do Sul ostenta o título de berço do Sertanejo Universitário, um fenômeno que revolucionou a música popular brasileira a partir dos anos 1990. Campo Grande foi o epicentro dessa inovação, onde duplas como João Bosco & Vinícius, então estudantes de veterinária da UFMS, começaram a se apresentar na lendária Chopperia do Rádio Clube.
Com um formato acústico de violão e voz, eles criaram um estilo que ressoou profundamente com a juventude universitária local. Essa sonoridade, que mesclava o sertanejo tradicional com uma abordagem mais descontraída e acessível, rapidamente transcendeu as fronteiras do estado, influenciando toda uma geração de artistas e consolidando um novo capítulo na história do gênero.
As Raízes Históricas e a Releitura do "Sertanejo Raiz" em MS
Mato Grosso do Sul, reconhecido como um dos berços da música sertaneja no Brasil, possui uma rica tapeçaria histórica que define suas raízes no gênero. O conceito de "sertanejo raiz" no estado transcende uma definição estática, sendo, na verdade, uma construção cultural fluida que se adapta e é revisitada ao longo do tempo. Pesquisadores apontam que aquilo que hoje é classificado como "raiz" já representou a vanguarda e a modernidade em épocas passadas, demonstrando a constante reinvenção do estilo musical na região. Essa dinâmica reflete a capacidade de MS de honrar suas tradições enquanto pavimenta o caminho para novas sonoridades e interpretações.
Essa releitura do "sertanejo raiz" é fundamental para entender a identidade musical sul-mato-grossense. Segundo o professor e pesquisador Evandro Higa, o termo "raiz" frequentemente denota uma visão nostálgica do passado, onde certas canções e estilos são idealizados como o "verdadeiro sertanejo". No entanto, essa percepção é temporal e mutável. Um exemplo clássico dessa evolução é a obra de duplas como Cascatinha & Inhana. Suas gravações dos anos 1950, que incluíam sucessos como "Índia" e "Meu Primeiro Amor", foram, à época, consideradas uma modernização da "música caipira" dos anos 1930 e 1940. Hoje, essas mesmas canções são pilares inquestionáveis do "sertanejo raiz", ilustrando vividamente como o moderno de ontem se torna a raiz de hoje.
A continuidade dessa tradição em Mato Grosso do Sul é marcada não apenas pela preservação da memória musical, mas também pela sua capacidade de influenciar as gerações atuais. Artistas do estado, desde pioneiros como Delinha até figuras consagradas como Almir Sater, representam diferentes fases dessa raiz, cada um contribuindo com elementos que, juntos, formam a essência do que é o sertanejo sul-mato-grossense. A força da cultura rural e a paisagem pantaneira se entrelaçam nessas composições, conferindo-lhes uma autenticidade única que ressoa profundamente com o público, garantindo que o "sertanejo raiz" de MS continue a pulsar e a se reinventar, servindo como base sólida para as vertentes mais contemporâneas do gênero, como o universitário e o agronejo.
O Nascimento e a Explosão do Sertanejo Universitário em Campo Grande
Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, é amplamente reconhecida como o berço do sertanejo universitário, um subgênero que revolucionaria a música brasileira. Foi nos agitados anos 1990 que as primeiras sementes desse movimento musical foram plantadas na cidade, marcando o início de uma nova era para o ritmo sertanejo. O epicentro dessa efervescência cultural pode ser localizado em ambientes jovens e descontraídos, especialmente na icônica Chopperia do Rádio Clube, um palco fundamental para os talentos emergentes da época.
Nesse cenário vibrante, surgiu a dupla João Bosco & Vinícius, estudantes de veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que se tornariam pioneiros do estilo. Com um formato inicialmente acústico, focado na simplicidade do violão e voz, eles cativaram o público universitário, dando origem ao termo "sertanejo universitário". Essa abordagem fresca e identificável com a juventude da época foi crucial para a popularização do som, que se distanciava do sertanejo mais tradicional e da "sofrência" que dominava as paradas até então.
O sucesso rapidamente ultrapassou os limites dos bares e campi universitários. Com o tempo, o sertanejo universitário absorveu influências do pop, tornando-se mais eletrônico e comercialmente viável, sem perder sua essência cativante. Essa fusão de ritmos e temas contemporâneos impulsionou o gênero a um patamar nacional, transformando Campo Grande não apenas em um celeiro de talentos, mas na verdadeira incubadora de um fenômeno musical que redefiniria a indústria fonográfica brasileira e a própria identidade do sertanejo no país, ecoando sua influência por todo o Brasil.
A Influência Cultural e a Sonoridade Única da Fronteira em MS
Mato Grosso do Sul, com sua vasta fronteira com o Paraguai e a Bolívia, é um verdadeiro caldeirão cultural, onde a música sertaneja absorve e reflete uma sonoridade singular. A proximidade geográfica e o intercâmbio constante de povos e costumes moldaram uma identidade artística rica, que se manifesta na forma como o gênero musical é concebido e executado no estado. Essa fronteira não é apenas um limite territorial, mas um espaço de intensa troca cultural que permeia desde a culinária até as manifestações artísticas, conferindo ao sertanejo sul-mato-grossense um tempero especial, distinto do encontrado em outras regiões do Brasil. A fusão de tradições é a essência que define a paisagem musical local.
A sonoridade única de MS reside na sua capacidade de integrar elementos musicais hispano-americanos, como a guarânia, a polca paraguaia e o chamamé, ao universo do sertanejo tradicional e moderno. Essa mescla confere às composições e arranjos um "sotaque" musical particular, muitas vezes caracterizado por melodias mais cadenciadas, o uso de instrumentos como a harpa paraguaia ou o acordeom com um toque mais fronteiriço, e letras que abordam tanto o universo rural brasileiro quanto a vida e os desafios da região de fronteira. Essa riqueza harmônica e rítmica é um testemunho da permeabilidade cultural do estado, que se reflete na originalidade de suas produções.
Grandes nomes da música sul-mato-grossense, como Almir Sater, são emblemáticos dessa influência, incorporando em suas obras a cadência do Pantanal e a melancolia da fronteira, distanciando-se do sertanejo mais comercial para criar um estilo autêntico e inconfundível. Embora o estado também seja berço do sertanejo universitário, a raiz e a alma da fronteira persistem, infundindo um caráter de originalidade que continua a inspirar novas gerações de artistas. Essa fusão cultural e sonora solidifica a posição de Mato Grosso do Sul como um epicentro de inovação e tradição dentro do cenário sertanejo nacional, com uma voz verdadeiramente própria.
A Trajetória Contínua: Da Tradição ao Agronejo e Novos Talentos
Mato Grosso do Sul, reconhecido como um dos pilares da música sertaneja brasileira, ostenta uma trajetória musical em constante reinvenção, que transcende décadas e estilos. De suas raízes profundas, o estado testemunhou e impulsionou a evolução do gênero, adaptando-o às novas realidades e gostos do público. A jornada contínua reflete uma capacidade ímpar de mesclar a nostalgia do passado com a inovação do presente, mantendo-se sempre relevante no cenário nacional, um verdadeiro celeiro de sonoridades que pulsam em seu território.
A fundação dessa rica história reside na chamada "música caipira" e no "sertanejo raiz", que, conforme o pesquisador Evandro Higa, da UFMS, representavam o "moderno" em seus respectivos tempos. Artistas como Delinha e, mais tarde, Almir Sater, são emblemáticos dessa fase, que soube capturar a essência rural e os sentimentos universais em suas canções. O que hoje é visto como tradição, com a nostalgia do "verdadeiro sertanejo", foi outrora uma vanguarda, evidenciando a fluidez da própria definição do gênero e a constante releitura de suas origens musicais.
Essa capacidade de reinvenção culminou, nos anos 1990, com o surgimento do "sertanejo universitário" em Campo Grande. Originado na Chopperia do Rádio Clube, o movimento foi impulsionado por estudantes universitários como a dupla João Bosco & Vinícius, que levavam um som acústico de violão e voz aos intervalos de aula e bares. Esse estilo, inicialmente voltado para o público acadêmico, rapidamente incorporou elementos pop e ganhou as rádios e palcos de todo o Brasil, consolidando Mato Grosso do Sul como o berço de uma das maiores revoluções do sertanejo nacional.
A trajetória não para por aí. A vitalidade do estado se manifesta hoje na ascensão do "agronejo" e na proliferação de novos talentos que mantêm o gênero pulsante. Nomes como Luan Santana, oriundo de MS, e a fenômeno Ana Castela, que representa a face mais jovem e conectada ao agronegócio, demonstram a capacidade do sertanejo sul-mato-grossense de absorver influências contemporâneas sem perder sua identidade. A cada geração, Mato Grosso do Sul se reafirma como um celeiro de artistas, onde a tradição serve de alicerce para a incessante inovação musical, garantindo sua posição como um "coração pulsante" da música sertaneja no Brasil.
Fonte: https://g1.globo.com